É mesmo necessário possuir os CDs da Ressonância pré-operatória e Tomografia pós-operatória?
Resposa: Sim, é essencial. A análise não é visual. É feita por software. Sem os CDs não é possível fazer nada. O paciente não saberá as coordenadas de seus eletrodos e o médico necessitará realizar a programação na base da tentativa-e-erro.
Como funciona o tal algoritmo?
Resposta: Tudo é feito em computador e com bastante matemática. Mas o princípio é muito simples. Como na história, do "Ovo de Colombo".
O software simula o VTA-Volume de Tecido Ativado, para diferentes potências de estimulação. O VTA, como o nome diz, é a estimativa do volume de tecido cerebral ativado por um determinado estímulo elétrico - no caso, pelos contatos dos eletrodos de DBS. Ao mesmo tempo, o software faz diversas comparações entre o VTA e a própria estrutura cerebral a ser estimulada. O resultado é a melhor relação possível, do ponto de vista matemático, entre o VTA e o alvo, qualquer que seja ele: núcleo subtalâmico, globo pálido interno, etc.
Logicamente que há limitações, pois tudo é em ambiente de simulação. Mas é uma ferramenta formidável para realizar uma ótima programação do DBS.
O que existe de inteligência artificial no algoritmo GACPC©?
Resposta: As comparações de dois volumes tridimencionais - o VTA (volume de tecido ativado) e o núcleo cerebral a ser estimulado são realizadas com matemática empregada em visão artificial. O software dirá o quanto ambos os objetos são semelhantes entre si. Logicamente, a melhor semelhança possível, será a melhor estimulação possível. Do ponto de vista matemático, pelo menos.
Além disso, outra característica é que o acúmulo de dados de muitos eletrodos ("Big Data") faz o software constantemente melhorar a sua comparação dos dois objetos, e também conhecer o melhor ponto da estimulação dentro daquela estrutura cerebral. Importante notar, isto significa que o resultado para uma pessoa hoje, poderá ser um pouco diferente, para esta mesma pessoa, depois de um ano, por exemplo. Pode ser até que esta diferença seja insignificante. Ou não. Mas, de toda forma, o algoritmo continuamente se alimenta com feedback de informações clínicas. Isso é importante, por ser apenas um ambiente simulado e com aproximações.
Ora, se o algoritmo calcula tudo, o médico então é desnecessário?
Resposta: Ainda não. O médico é fundamental e o único necessário. Todos os cálculos são realizados em simulações pelo computador. Mesmo que os cálculos sejam feitos com precisão de duas ou três casas decimais, tudo é uma aproximação. Tudo. Em absolutamente todas as fases não é o mundo real, existem aproximações, que são imperfeitas. Por isso que o algoritmo é apenas uma ferramenta auxiliar. Bastante interessante. Mas apenas uma ferramenta.
Quem é o responsável pela programação do DBS? É este algoritmo matemático ou o médico?
Resposta: O médico é o único responsável.
Serve só para programação?
Resposta: Não. Na verdade serve também para o planejamento cirúrgico. Ou seja, antes de operar. Como ferramenta auxiliar na determinação da melhor coordenada para estimular um determinado alvo.
O Resultado é o mesmo para qualquer paciente?
Resposta: Não. Para cada paciente há um resultado diferente. Isso porque cada um tem uma anatomia cerebral própria. E, cada eletrodo tem um posicionamento ligeiramente diferente, quando se olha bem em detalhe.
Como eu recebo o Resultado?
Resposta: Você recebe um relatório em formato PDF, contendo muitas informações. Somente um médico tem a formação necessária para interpretá-las.
E se eu ou o meu médico duvidarmos do Resultado?
Resposta: As informações geradas pelo software são apenas e tão somente uma ferramenta auxiliar, que pode ou não ser utilizada. Quem é o responsável pela programação do DBS é unicamente o médico.
Entretanto, com a devida ressalva de que são simulações com aproximações em todas as etapas de construção, todas as informações do Relatório são reproduzíveis. É matemática. Não depende de acreditar, ou não.
Que diferença faz ao paciente saber as coordenadas dos seus eletrodos?
Resposta: Nenhuma.
Ou toda a diferença. Depende do ponto de vista; depende do que você entende por qualidade. Depende do nível de precisão que você considera como aceitável.
É impossível para um ser humano olhar uma imagem de tomografia ou ressonância e dizer as coordenadas de localização de eletrodos. O laudo do exame, exatamente da mesma forma, escrito pelo médico radiologista, não consegue conter informações detalhadas. Não no nível de detalhe que pode ser útil. A análise de um eletrodo de DBS não é visual, e não depende de confiança ou crença. É matemática.
Um paciente saber quais são as coordenadas (x, y, z) dos seus eletrodos pode ser considerado um direito seu, por si só. Mas de fato é uma informação um tanto estéril; não se faz nada com ela, isoladamente. A diferença é que com esta informação, sabe-se a relação do eletrodo com o alvo; podem-se realizar as simulações do algoritmo GACPC©; e conseguem-se extrair muitas informações que podem auxiliar o médico a obter o melhor desempenho do DBS.
Eu tive um ótimo resultado com o DBS. Eu preciso deste algoritmo?
Resposta: Ninguém precisa deste algoritmo. O que o algoritmo GACPC© oferece é um avanço, um refinamento. Mas precisar, ninguém precisa.
No caso de uma pessoa com cirurgia com um bom resultado - e que teoricamente ocorre com a maior parte dos casos - o que esta análise pode vir a oferecer é, eventualmente, melhorar ainda mais. Para entender:
Um eletrodo com 4 contatos tem 24 (fatorial de 4 = 4! = 24) combinações possíveis de estimulação. Sem contar nas infinitas possibilidades de diferentes potências, em cada uma das combinações. Todas foram testadas? É humanamente possível, embora leve várias horas.
Um eletrodo de 8 contatos tem 40.320 (fatorial de 8 = 8! = 40.320) combinações possíveis de estimulação. Sem contar infinitas possibilidades diferentes de potência em cada combinação. Todas foram testadas? Não foram. É humanamente impossível.
O algoritmo GACPC© oferece uma mudança de paradigma ao médico. Sair da situação da tentativa-e-erro, totalmente empírica, para algo um pouco mais dirigido, objetivo, matemático, racional.
Mas lembre-se. É apenas uma ferramenta.
Ainda tem dúvidas?